West Memphis Three
Jessie, Jason e Damien
Homicídio | 1993 – 2011
West Memphis, EUA |
3 vítimas |
Damien – pena de morte |
Inocentados |
Em 5 de maio de 1993, três garotos, todos com 8 anos de idade: Steve Edward Branch, Christopher Mark Byers e James Michael Moore, foram encontrados mortos em uma área de floresta ao norte de West Memphis, no estado do Arkansas, num local chamado Robin Hood Hills. Um mês depois, 3 adolescentes chamados Jessie Misskelley, Jason Baldwin e Damien Echols foram presos pelos crimes. Jessie MIsskeley tinha 17 anos na época, Jason Baldwin, 16 e Damien Echols 18 anos. Jason e Damien já haviam sido presos por vandalismo e furto em lojas, enquanto Jessie mantinha uma reputação pelo seu temperamento e por ter costume de se envolver em brigas com outros adolescentes na escola. Jessie e Damien abandonaram a escola enquanto Jason tinha cada vez notas melhores e foi encorajado a estudar Design Gráfico devido as suas habilidades desenhando. Damien e Jason eram grandes amigos e tinham os mesmos gostos para música e ficção, além de compartilhar desgosto pela cultura comum em West Memphis que ficava no “cinturão da Bíblia”. Eles conheceram Jessie na escola, mas não eram amigos.
Jason gostava de desenhar caveiras, ouvia música pesada, não ia mal na escola, tinha cabelo comprido e logo começaram a chamá-lo de adorador do diabo na escola. Jessie tinha capacidade mental de uma criança de 5 anos de idade, seu QI de 72 o deixa no limite de deficiência mental. Além disso ele tinha o hábito de baforar gasolina o que pode ter atrapalhado ainda mais seu desenvolvimento mental. Ele vinha de uma família extremamente abusiva e morava em um estacionamento de trailers, em um dos bairros mais pobres de um dos 10 condados mais pobres de todo os Estados Unidos.
Steve Edwards Branch, Christopher Mark Byers e James Michael Moore, estavam brincando após a escola. Duas horas depois o pai adotivo de Christopher Byers reportou o sumiço do garoto à polícia, e o lugar mais lógico para se procurar por essas crianças seria em Robin Hood Hills, uma pequena floresta onde crianças brincavam normalmente embora fosse perigoso a noite, pois era próximo a uma parada de caminhão e ficava rodeada por criminosos e pessoas que estavam ali para usar drogas. As buscas policiais iniciais feitas naquela noite foram limitadas. Amigos e vizinhos também realizaram uma busca naquela noite, que incluiu uma visita superficial ao local onde os corpos foram encontrados mais tarde. Uma busca policial mais aprofundada das crianças foi feita pela manhã do dia 6 de maio, liderada pelo pessoal de busca e resgate do condado de Crittenden. A busca foi até a hora do almoço e somente um voluntário continuou depois disso. Esse voluntário viu um pequeno tênis jogado, sem o cadarço, flutuando pela água, então ligou para a polícia e em 15 minutos os policiais chegaram. Uma busca revelou os corpos de três meninos. Eles estavam nus e usavam seus próprios cadarços: os tornozelos direitos amarrados aos pulsos direitos atrás das costas, o mesmo com os braços e pernas esquerdos. Suas roupas foram encontradas no riacho, algumas delas torcidas em torno de galhos que foram usados para enterrá-las na lama. As roupas estavam quase todas virada ao avesso e dois pares de roupas íntimas dos meninos nunca foram recuperados. As autópsias do patologista forense Frank J. Peretti indicaram que Christopher morreu de “múltiplas lesões”, enquanto Steve e James morreram de “múltiplas lesões com afogamento”.
Os policiais James Sudbury e Steve Jones sentiram que o crime tinha implicações de “culto”, e que Damien Echols poderia ser suspeito, pois tinha interesse em ocultismo. Depois de um mês com pouco progresso no caso, a polícia continuou concentrando sua investigação em Damien, interrogando-o com mais frequência do que qualquer outra pessoa. No entanto, eles alegaram que ele não era considerado um suspeito direto e sim uma fonte de informação.
Em 6 de maio de 1993, antes das vítimas serem encontradas, Vicki Hutcheson fez um exame de polígrafo Departamento de Polícia de Marion, para determinar se havia ou não roubado dinheiro de seu chefe em West Memphis. O filho de Vicki, Aaron, também estava presente e foi uma distração tão grande que o detetive, Bray, não conseguiu administrar o polígrafo corretamente. Aaron era companheiro de brincadeira dos meninos assassinados e mencionou a Bray que os meninos haviam sido mortos no “teatro”. Quando os corpos foram descobertos perto de onde Aaron indicava, Bray pediu mais detalhes a Aaron, que alegou que havia testemunhado os assassinatos cometidos por satanistas que falavam espanhol. As declarações adicionais de Aaron eram extremamente inconsistentes, e ele não conseguiu identificar Baldwin, Echols ou Misskelley em fotos, e não havia “teatro” no local indicado por Aaron.
Por volta de 1º de junho de 1993, Vicki concordou com os policiais em colocar microfones escondidos em sua casa durante um encontro com Damien, que Jessie iria aresentar a ela. Durante a conversa, ela relatou que Damien não fez declarações incriminatórias. Em 2 de junho de 1993, Vicki disse à polícia que ela, Damien e Jessie participaram de uma reunião Wiccaniana em Turrell, Arkansas , cerca de duas semanas após o assassinato. Ela também afirmou que, durante a reunião, Damien, que estava bêbado, se vangloriava de matar os três garotos. Vicki não conseguiu se lembrar do local da reunião Wiccaniana e não nomeou nenhum outro participante na suposta reunião. Ela alegou que havia implicado os dois para evitar acusações criminais e obter uma recompensa pela descoberta dos assassinos.
Em 3 de junho, a polícia interrogou Jessie Misskelley. Apesar ser menor de idade, ele foi interrogado por 12 horas (embora apenas 46 minutos tenham sido registrados), sem a presença de seus pais. Embora o pai de Jessie tenha permitido ele ir com a polícia, não deu permissão explícita para que seu filho fosse interrogado ou questionado. Jessie retratou sua confissão, citando intimidação, coerção, fadiga e ameaças da polícia e disse especificamente que “estava com medo da polícia” durante essa confissão.
Logo após a primeira confissão de Jessie, a polícia prendeu Damien e Jason Baldwin. Oito meses após a confissão original, em 17 de fevereiro de 1994, Jessie fez outra declaração à polícia. Seu advogado, Dan Stidham, permaneceu na sala e o aconselhou a não dizer nada. Jessie ignorou o conselho e continuou detalhando como os meninos foram abusados e assassinados. Stidham, escreveu uma crítica detalhada do que ele afirma ser grandes erros policiais e equívocos durante sua investigação.
No início da investigação, a polícia de West Memphis considerou dois adolescentes da cidade como suspeitos. Chris Morgan e Brian Holland, ambos com histórico de delitos de drogas, partiram abruptamente para Oceanside, Califórnia, quatro dias após a descoberta dos corpos. eles foram presos em Oceanside, em 17 de maio de 1993, e fizeram exames de polígrafo administrados pela polícia da Califórnia. Os examinadores relataram que os prontuários dos dois homens indicavam decepção quando negavam o envolvimento nos assassinatos. Durante o interrogatório Chris alegou uma longa história de uso de drogas e álcool, juntamente com “apagões” e lapsos de memória. A polícia da Califórnia enviou amostras de sangue e urina de Chris e Brian para o departamento de polícia, mas não há indicação de que o departamento tenha investigado ambos como suspeitos.
Na noite de 5 de maio de 1993, funcionários do restaurante Bojangles, localizado a cerca de 1,6 km da cena do crime em Robin Hood Hills, relataram ter visto um homem negro dentro do banheiro feminino do restaurante. Ele estaria sangrando e aparentemente desorientado. A policial Regina Meeks respondeu à ligação, mas quando chegou ao restaurante o homem havia ido embora e a polícia não entrou no banheiro naquela data. No dia seguinte à descoberta dos corpos das vítimas, o gerente do restaurante, Marty King, achou que poderia haver conexão entre o homem do banheiro e relatou o incidente aos policiais, que depois inspecionaram o banheiro feminino. Marty entregou aos policiais um óculos de sol que ele achava que o homem havia deixado, e os detetives tiraram algumas amostras de sangue das paredes e azulejos do banheiro. O detetive da polícia, Bryn Ridge, testemunhou que perdeu essas amostras de sangue. Um cabelo identificado como pertencente a um homem negro foi recuperado de um lençol enrolado em uma das vítimas.
Damien e Jason foram julgados juntos em 1994 e Jessie foi julgado separadamente. Sob o “Bruton rule¹”, a confissão de Jessie não pôde ser admitida contra seus co-réus; assim, ele foi julgado separadamente. Os três acusados se declararam inocentes.
Jessie foi condenado à prisão perpétua por um júri, sendo uma acusação de assassinato em primeiro grau e duas acusações de assassinato em segundo grau. Sua condenação foi apelada e confirmada pela Suprema Corte do Arkansas.
Jason se declarou culpado de três acusações de assassinato em primeiro grau enquanto ainda afirmava sua real inocência.
Damien estava no corredor da morte, trancado 23 horas por dia na Varner Unit Supermax. Em 19 de agosto de 2011, Jessie, Damien e Jason entraram com um “Alford Plea²” . O juiz David Laser os condenou a 18 anos e 78 dias, que é quantidade de tempo que eles já haviam cumprido, e também aplicou uma sentença suspensa de 10 anos. Os três foram libertados da prisão no mesmo dia.
Na prisão, em 1999, Damien se casou com a arquiteta paisagista Lorri Davis. Ele se mudou para Nova York após sua libertação. Desde que foi solto, Jason se mudou para Seattle. Ele está em um relacionamento com uma mulher que fez amizade com ele enquanto ele estava na prisão. Ele afirmou que planeja se matricular na faculdade para se tornar advogado, a fim de ajudar pessoas condenadas injustamente a provar sua inocência. Jessie ficou noivo de sua namorada do colegial e se matriculou em uma faculdade comunitária para ser mecânico de automóveis.
1-Um dos direitos que uma pessoa acusada tem, sob a Sexta Emenda é o direito de confrontar e interrogar as testemunhas do governo contra ele. A Suprema Corte dos EUA decidiu em Bruton v. EUA que esse direito é violado se a declaração de um réu confessador for usada contra um réu que não confessou em seu julgamento conjunto (e assumindo que o confessor não assume a posição de ser interrogado por seu co-réu). Impede que alguém sendo examinado mencione outra pessoa sendo acusada durante o julgamento.
2-Na lei dos Estados Unidos, é uma acusação de culpa em um tribunal criminal, segundo a qual um réu em um processo criminal não admite o ato criminoso e afirma inocência. Ao entrar em um argumento de Alford, o réu admite que as evidências apresentadas pela promotoria provavelmente persuadirão um juiz ou júri a considerar o réu culpado.
Fontes: