Kitty Genovese
Kitty Genovese
Assassinada | 1964
Nova York, EUA |
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13 de março de 1964 |
Catherine Susan Genovese, conhecida como Kitty, era uma jovem estadunidense de Brooklyn, Nova York. Após presenciar um assassinato, Rachel, a mãe de Kitty, decidiu que sua família deveria se mudar para Connecticut, que ficava o sul, mais perto das áreas rurais. Kitty, já acostumada com a cidade grande, queria ficar por ali, e como já tinha 19 anos, resolveu morar sozinha.
Kitty morava em Kew Gardens, Queens, a mais ou menos 20 minutos de trem de Manhattan. Numa tarde no dia 13 de março de 1964, ela estacionou seu carro, e caminhou em direção ao seu prédio à cerca de 30 metros, seu apartamento tinha a entrada pros fundos do edifício.
Ela sentiu uma facada em suas costas e começou a pedir socorro, e um homem da janela do prédio vizinho, gritou para afastar o agressor. Winston Moseley, o esfaqueador, entrou em seu carro e sumiu. A garota, machucada e em desespero foi se arrastando pela rua até chegar na esquina de seu prédio.
O agressor, percebendo a situação de vulnerabilidade de Kitty, voltou e a atacou novamente. Karl Ross, um morador de um prédio próximo, ligou para polícia quase 10 minutos mais tarde. Quando os policiais chegaram em frente ao prédio para atender Kitty, juntamente com a ambulância, ela já estava em estado grave. Foi levada para o hospital mas acabou morrendo no caminho.
O jornal The New York Times publicou, cerca de duas semanas depois do assassinato, um artigo falando sobre a indiferença dos vizinhos em relação a violência, tornando esse caso famoso nacionalmente. O título da matéria era “37 que viram assassinato não chamaram a polícia; Apatia no apunhalamento de mulher no Queens, investigadores ficam em choque”
A reportagem, por mais que tenha exagerado nos fatos, despertou uma discussão profunda sobre a questão de apatia das pessoas de grandes metrópoles diante das violências que se tornam cotidianas. A partir dessas conversas se criou o termo “síndrome de Genovese” , ou também “efeito espectador”, “responsabilidade difusa” a relação da apatia ao presenciar uma cena de violência.
Depois desse caso, diversos psicólogos, criminólogos, e estudiosos do comportamento humano produziram materiais como livros, artigos e pesquisas sobre essa condição. Muitos justificam essa questão da apatia pelo sentimento de “não vou fazer nada, pois alguém certamente fará”, mostrando que as pessoas têm mais propensão a agir quando estão sozinhas do que em conjunto.
A história das testemunhas que nada fizeram “é ensinada em todos os livros de introdução à psicologia nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, e em muitos outros países e tornou-se popularmente conhecida por meio de programas de televisão e livros”, e canções.
Cinema e televisão
- O episódio de Perry Mason, “The Case of the Silent Six” (21 de novembro de 1965), retrata o espancamento brutal de uma jovem cujos gritos de socorro são ignorados pelos seis residentes de seu pequeno prédio.
- Um filme para a televisão americana, Death Scream (1975), estrelado por Raul Julia, foi baseado no assassinato.
- No episódio da 1ª temporada de Law & Order, “The Violence of Summer” (1991), o Detetive Logan comenta: “É a era pós-Kitty Genovese, ninguém quer olhar, acham que vão se envolver”, ao lamentar a falta de testemunhas de um estupro.
- O filme de 1999, The Boondock Saints, faz referência ao assassinato de Genovese nos créditos iniciais durante um sermão na igreja sobre a indiferença do homem.
- History’s Mysteries, no episódio 15 da segunda temporada “Silent Witnesses: The Kitty Genovese Murder” (2006) no History Channel, é um documentário do assassinato.
- O filme “38 testemunhas” (2012), dirigido por Lucas Belvaux, é baseado no romance de Didier Decoin de 2009 sobre o caso e redefinido em Le Havre, França.
- O filme de 2015, The Witness, reexamina o assassinato com entrevistas das famílias de Genovese e de seu assassino.
- O filme “37” de 2016 é um relato fictício da noite em que Kitty Genovese foi assassinada.
Livros
- O assassinato de Kitty inspirou o conto de Harlan Ellison “The Whimper of Whipped Dogs“
- Em seu livro, The Tipping Point (2000), Malcolm Gladwell refere-se ao caso e ao “efeito espectador” como evidência de pistas contextuais para respostas humanas.
- O romance Good Neighbours de Ryan David Jahn (2009) é baseado no assassinato.
- O romance de Didier Decoin É assim que as mulheres morrem? (Is This How Women Die?) é baseado no assassinato.
- Em Twisted Confessions: The True Story Behind the Kitty Genovese e Barbara Kralik Murder Trials , Charles Skoller, o promotor principal do julgamento de assassinato Genovese, relembra os eventos e atenção de massa em torno do crime.
- Em 2016, o livro “No One Helped”: Kitty Genovese, New York City, and the Myth of Urban Apathy“, de Marcia M. Gallo, venceu na categoria de não ficção LGBT no Lambda Literary Awards.
- A série de quadrinhos Watchmen de Alan Moore faz referência ao assassinato de Genovese como uma influência chave por trás da transformação do personagem Rorschach em um vigilante.
Música
- O assassinato de Genovese inspirou o cantor folk Phil Ochs a escrever a canção “Outside of a Small Circle of Friends”. Essa música relacionava cinco situações diferentes que deveriam exigir ação do narrador, mas em cada caso o narrador conclui: “Tenho certeza de que não interessaria a ninguém fora de um pequeno círculo de amigos”.
- A banda de indie rock coreana Nell escreveu a música “Dear Genovese” para seu álbum Newton’s Apple em 2014, inspirada por esses eventos.
- A canção “Big Bird” de AJJ faz referência ao assassinato de Genovese em seu álbum de 2011, Knife Man.
Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Murder_of_Kitty_Genovese
https://www.nyclgbtsites.org/site/kitty-genovese-residence/
https://www.nytimes.com/2020/09/02/nyregion/sophia-farrar-dead.htm
https://willtodd.co.uk/products-page-2/musical_theatre_sheet/the_screams_kitty/
https://www.newyorker.com/culture/richard-brody/kitty-genoveses-brother-reexamines-her-famous-murder