George, o filho de Lois, se sentiu ameaçado pela presença de David, já que ele seria o próximo na linha de sucessão na liderança da seita, e expulsou David afirmando ter o apoio da maioria. Um outro grupo que estava descontente com o rumo que a seita tomava e acreditando que eles estavam se afastando da filosofia do fundador, se separou e mudaram-se para Gadsden no Alabama.

David e seus, cerca de 25 seguidores acamparam em Palestina, que fica a mais ou menos 140 km de Waco. Ali eles viveram por dois anos, e durante esse tempo David conseguiu mais seguidores da Califórnia, Reino Unido, Israel e Austrália. Em 1985 David foi para Israel e lá teve a visão de que ele era a versão moderna de Ciro, o Grande (um rei persa que foi nomeado como messias por ter libertado os judeus do cativeiro babilônico). O fundador do movimento Davidiano, Victor Houteff, queria implementar e estabelecer o reino davidiano de deus na Palestina. David também tinha seus planos de estabelecer o reino davidiano em Jerusalém, e esse plano durou pelo menos até 1990. No ano seguinte, ele mudou de ideia e disse que as profecias de Daniel seriam realizadas em Waco, e que o Centro Mount Carmel era o reino davidiano.

De volta a Palestina do Texas, David começou a espalhar a mensagem de sua própria cristandade, proclamando que ele era “O Filho de Deus, o Cordeiro que poderia abrir os sete selos”. Em setembro de 86, ele começou a pregar que ele tinha direito a 140 esposas, que seriam 60 como suas rainhas e 80 como suas concubinas. 

Ele então construiu uma teologia completamente nova em torno do seu casamento com Karen. A sua teologia se chamava de “Nova Luz”, com uma doutrina de poligamia para ele mesmo, que ele chamava de “A Casa de David”. De acordo com esta doutrina, Karen deveria ter uma filha chamada Shoshanna, que então seria casada com o primeiro filho de David chamado Cyrus. Com Karen tendo dificuldades para engravidar, David voltou sua atenção para Michele. 

No final de 1987, os apoiadores de George entre os davidianos eram poucos. Para reconquistá-los, ele desafiou David para uma disputa de ressuscitar os mortos, chegando até a desenterrar um corpo para poder praticar. David foi até Mount Carmel camuflado, com outros sete seguidores armados. Um conseguiu escapar, mas David e outros 6 foram presos quando a polícia foi chamada após o som de tiros. Quando os policiais chegaram, encontraram David e seus seguidores atirando com seus rifles contra George, que havia sofrido um ferimento leve de tiro ao se esconder atrás de uma árvore. David e seus seguidores foram acusados de tentativa de homicídio, seus seguidores foram absolvidos e o julgamento de David foi anulado.

Em 1988 George Roden assassinou Dale Adair com uma machadada na cabeça, após Dale dizer que acreditava que David fosse o Messias. George foi preso e condenado, e por dever milhares de dólares em impostos, o rancho Mount Carmel foi posto para a venda. David e seus seguidores conseguiram juntar dinheiro e compraram a propriedade, que ele então rebatizou como Rancho Apocalipse. Ele descobriu um laboratório de metanfetamina na propriedade, reportou para a polícia e pediu que o retirassem de lá.

A ATF começou uma vigilância na casa do outro lado da estrada em frente ao complexo. A investigação incluía mandar um agente disfarçado, chamado Robert Rodriguez, que David descobriu a verdadeira identidade em pouco tempo, mas não revelou para os agentes. Com o affidavit afirmando que os davidianos haviam violado uma lei federal do Ato de Proteção a Portadores de Armas de Fogo, de 1986, eles conseguiram um mandado de busca e prisão para David Koresh e alguns seguidores. O mandado especificava que a busca deveria ser no dia 28 de fevereiro de 1993, ou antes disso, durante o dia entre 6h e 22h. A ATF ainda alegou que David estava possivelmente operando um laboratório de metanfetamina, para tentar obter recursos militares sob a tão famosa guerra às drogas que estava mais em alta do que nunca na época. 

Na manhã de 28 de fevereiro de 1993, a ATF tentou executar seu mandado de busca, mesmo depois de os davidianos descobrirem que a incursão iria acontecer. O comandante da ATF ordenou que o plano fosse posto em prática, mesmo que ele dependesse que os davidianos não estivessem armados e preparados esperando pelos agentes. Qualquer vantagem de surpresa foi perdida quando um repórter da KWTX-TV que havia sido avisado sobre a invasão pediu informações para um carteiro, que coincidentemente era cunhado de David Koresh. 

Cronologia dos eventos de 28 de fevereiro – o início do cerco

Hora	Evento
05:00	76 agentes se reuniram em Fort Hood para se dirigirem até o Monte Carmelo.
09:45	Os agentes do ATF vão em direção ao complexo e começa o tiroteio
09:48	O davidiano Wayne Martin, um advogado de Waco, liga para o 911.
11:30	Cessar-fogo.
16:00	A primeira mensagem de David é passada pela rádio KRLD-AM em Dallas.
16:55	Michael Schroeder é morto ao retornar para o complexo.
17:00	O porta-voz da ATF, Ted Royster, diz que os tiros continuaram esporadicamente durante a tarde.
19:30	David é entrevistado pela CNN. O FBI adverte a CNN para não realizar mais entrevistas.
20:15	A porta-voz da ATF, Sharon Wheeler, declara que as negociações continuam e que o tiroteio acabou.
22:00	Até esse momento quatro crianças saíram.
22:05	David fala por 20 minutos na rádio KRLD, descrevendo suas crenças e dizendo que ele é o mais seriamente ferido dos davidianos.

O xerife tenente Lynch contactou a ATF e tentou negociar um cessar-fogo. Os policiais locais contam que a ATF só aceitou se retirar quando ficaram sem munição. No total, 4 agentes da ATF foram mortos, e 16 ficaram feridos. Depois do cessar fogo, os davidianos permitiram que os agentes evacuassem seus mortos e feridos, e não atiraram quando eles se retiraram. 

Cinco davidianos morreram, 2 deles mortos por outros membros da seita quando ficaram feridos gravemente. Alan Abraham Stone, professor de direito e psiquiatria de Harvard, fez um relatório que apontava que os davidianos não emboscaram os agentes da ATF, e que aparentemente eles tentaram minimizar a morte de agentes. Ele explicou que eles eram religiosos fanáticos desesperados que esperavam um final apocalíptico, em que eles estavam destinados a defender seu solo sagrado e destinados a alcançar a salvação.

O FBI assumiu o comando logo depois como resultado da morte de agentes federais. À medida que o cerco avançava, o FBI se dividiu em duas facções. Uma acreditava que as negociações seriam a chave para a rendição dos davidianos, e a outra que deveriam usar força bruta para resolver a situação. Técnicas cada vez mais agressivas foram sendo colocadas em prática para tentar forçar os davidianos a saírem. Por exemplo, privação do sono dos davidianos por meio de transmissões durante a noite inteira, com gravações de aviões a jato, música pop, cantos e até mesmo gritos de coelhos sendo mortos.

As discussões de David com os negociadores começaram a ficar cada vez mais difíceis. De acordo com o FBI, ele havia proclamado que era a segunda vinda de Cristo e que ele havia sido comandado por seu pai para permanecer no complexo. Uma semana antes do ataque de 19 de abril, os planejadores do FBI consideraram matar David e outros membros importantes usando snipers. Eles se preocupavam cada vez mais que os davidianos cometessem suicídio em massa, mesmo David negando repetidamente que ele tinha quaisquer planos de suicídio em massa, e as pessoas que saíam do complexo também não mostravam nenhuma preparação para isso.

Oficialmente, nenhum ataque armado era pra ter sido feito. Alto falantes deveriam ser usados para dizer aos davidianos que nenhum ataque armado iria ser feito, e pedir que eles não atirassem nos veículos. De acordo com o FBI, o time de resgate de reféns tinha permissão para responder com tiros se eles fossem atacados, mas nenhum tiro foi dado por agentes naquele dia. Quando vários davidianos abriram fogo contra os agentes, a resposta do time de resgate foi aumentar a quantidade de gás sendo bombeado para dentro do complexo.

Cronologia dos eventos – 19 de abril de 1993 – o final do cerco

Hora	Evento
5:50	Os agentes ligam para a sede dos davidianos para adverti-los de que iniciarão as atividades com tanques e dizer para que eles se protegessem.
5:55	O grupo responsável pela negociação do FBI coloca dois veículos blindados de combate de engenharia (CEV) para os edifícios.
6:00	Um equipamento de escuta do FBI plantado na parede do edifício e, após gravar um homem falando sobre “derramar aquilo”, o CEV1 recebe ordens para pulverizar gás lacrimogêneo no canto esquerdo do prédio.
6:04	O veículo blindado começa a bombear gás lacrimogêneo para dentro do Monte Carmelo por um buraco na parede. Um agente vê tiros partindo de dentro, em direção aos veículos blindados.
6:31	O edifício é inteiramente tomado pelo gás.
6:47	O FBI arremessa dispositivos de gás lacrimogêneo através das janelas.
7:30	CEV1 invade o prédio e insere mais gás lacrimogêneo. Os davidianos atiram no CEV1.
8:24	A escuta do FBI se encerra.
9:00	Os davidianos mostram um cartaz escrito “Queremos nosso telefone consertado”.
9:20	A escuta do FBI registra uma reunião iniciada às 07:30 entre vários homens não identificados.
10:00	Um homem é visto agitando uma bandeira branca no lado sudoeste do complexo. Ele é advertido através de alto-falantes para se render ele deve sair. Ele não sai. Ao mesmo tempo um homem sai para recuperar o telefone e a linha telefônica.
12:07	As primeiras chamas visíveis aparecem na frente do edifício. Os agentes dizem que os davidianos acenderam as chamas.
12:09	Ruth Riddle sai com um disquete de computador em sua jaqueta contendo o manuscrito de David sobre os Sete Selos. O terceiro foco de incêndio detectado no primeiro pavimento.
12:22	Os caminhões de bombeiros chegam ao lugar, seguidos pelos de Bellmead.
12:25	Há uma grande explosão no lado esquerdo. Um objeto é arremessado para o ar, ricocheteia no topo de um ônibus branco e cai no gramado.
12:30	Parte do telhado desmorona. Por volta desse horário há várias outras explosões e testemunhas afirmam terem ouvido o som de tiros, barulhos esses atribuídos pelo FBI ao fato de a munição estar pegando fogo.
12:43	Mais caminhões de bombeiros chegam ao complexo de Monte Carmelo.
12:55	O incêndio começa a diminuir.
15:45	David Koresh está morto, declaram as autoridades.

Somente nove pessoas saíram do edifício durante o incêndio. O restante dos davidianos, incluindo as crianças, morreram sufocados, soterrados ou levaram tiros. De acordo com o FBI, Steve Schneider, o ajudante principal de David, atirou e matou David e depois tirou a própria vida. No total, 76 pessoas morreram. Uma grande concentração de corpos, armas e munição foram encontrados no bunker. Registros das autópsias também indicaram que pelo menos 20 davidianos morreram por tiros, incluindo David Koresh e cinco crianças com menos de 14 anos. Dayland Gent, de apenas 3 anos, foi esfaqueado no peito.

 Em 3 de agosto de 1993 um Grande Júri indiciou os 12 davidianos sobreviventes a, entre outras acusações, conspirar, ajudar e incitar o assassinato de oficiais federais, e posse e uso ilegal de várias armas de fogo. Um dos 12 acusados conseguiu um acordo e teve as acusações removidas. Depois de um julgamento que durou quase 2 meses, o júri absolveu 4 dos davidianos de todas as acusações. Além disso, o júri absolveu todos os davidianos das acusações relacionadas a assassinato, mas condenou 5 deles em acusações menores, incluindo auxílio e cumplicidade no homicídio culposo de agentes federais. Oito davidianos foram condenados em acusações relacionadas a armas de fogo. Em 2007, todos os davidianos que cumpriam sentença já haviam sido soltos.

Timothy James McVeigh, terrorista doméstico responsável pelo atentado a bomba em Oklahoma City, citou o incidente em Waco como sua principal motivação. O atentado seria uma forma de vingança ao governo pelo que aconteceu em Waco. 

Livros e mídia:

• Inside the Cult (1993), foi o primeiro livro sobre o incidente, com co-autoria do ex-davidiano Marc Breault.
• Massacre em Waco, Texas (1993), do autor de true crime Clifford L. Linedecker
• From the Ashes: Making Sense of Waco (1994) – coleção de 45 ensaios sobre os eventos de Waco de várias perspectivas culturais, históricas e religiosa
• A Place Called Waco (1999) – escrito por um davidiano sobrevivente chamado David Thibodeau.

• Cold Zero: Inside the FBI Hostage Rescue Team – Christopher Whitcomb
•  No More Wacos: What’s Wrong With Federal Law Enforcement and How to Fix It (1997) David B. Kopel e Paul H. Blackman
• The Ashes of Waco: An Investigation (1995) Dick J Reavis

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Fontes:

https://murderpedia.org/male.K/k/koresh-david.htm

https://en.wikipedia.org/wiki/Waco_siege

https://en.wikipedia.org/wiki/David_Koresh